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Tendências e Inovação

Ensino híbrido e vivência docente

O cenário gerado pela pandemia, imprimiu na sociedade mundial práticas e vivências diferenciadas, nos vários setores da ação humana, desde a produção e oferta de serviços, até as atividades associadas à formação de pessoas. Com isso, durante os últimos dezoito meses, uma das coisas que mais temos lido, escutado ou assistido, é a ideia de que em tempos de pandemia, é preciso se reinventar.

Hoje, ampliamos os pedidos de compra via delivery, aprendemos a trabalhar em home office e a estudar tendo como meio de acesso ao conhecimento, o computador e a internet. O resultado de tudo isso, num mundo pós pandemia que ainda não chegou, é o fato de que algumas dessas experiências certamente vão continuar. Isso se aplica, por exemplo, à formação profissional. Estudar de forma online ou híbrida, é hábito que veio para ficar.

Diante desse cenário, enquanto a aprendizagem totalmente online depende quase que exclusivamente da disciplina do estudante, no formato híbrido, a experiência se passa de uma maneira diferente, visto que professores e alunos precisam se adaptar a uma vivência de aprendizagem que exige comportamentos diferentes tanto da parte do professor quanto da parte do estudante.

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Posto tal fato, uma pergunta se coloca: qual deve ser o papel do professor em tempos de ensino híbrido? Que habilidades esse profissional precisa desenvolver para que a aprendizagem possa ser concretizada em meio a um processo no qual professores e alunos terão momentos de estudo “solitários” através de ações online, combinados com o estudo em grupo e presencial? Como esse processo de aprendizagem pode ser estruturado, a partir da atuação do professor?

Um primeiro aspecto a ser definido, é o fato de que o exercício de um ensino híbrido pede como lastro, o emprego de metodologias ativas de aprendizagem. Tal fato, por sua vez, pressupõe a necessidade de um estudante que assuma o protagonismo no seu processo de aprendizagem, e de um professor que desenvolva uma prática docente muito mais voltada para o exercício da orientação e da construção do conhecimento, do que da chamada transmissão.

Concentrando-se no professor, esta necessidade indica que na prática, além de conhecer processos básicos associados à tecnologia e sua utilização em metodologias ativas, o docente precisa assumir a postura de um orientador. Para tanto, o processo de aprendizagem não pode mais ser guiado pela explicação de um conteúdo. Há a necessidade de questionamentos que indiquem caminhos para o estudante e que sejam enriquecidos com outras questões nascidas no processo de aprendizagem; da realização de atividades que primem pelo desenvolvimento do raciocínio do aluno; do estabelecimento de canais de comunicação que sejam enriquecidos com perguntas e investigações. Cabe ao professor instigar mais e responder menos.

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Ao longo desse processo, além de desenvolver o conhecimento acerca dos aspectos teóricos que sustentam as perguntas sobre um determinado conteúdo, há também a necessidade de que esse mesmo conhecimento que está sendo construído, possa ter significado para o aluno; que esse conhecimento possa ser de fato vivenciado como algo que faz parte da vida do estudante, seja no seu exercício de cidadão, seja na sua atuação profissional.

Com isso, um dos grandes desafios desse professor orientador em um cenário de ensino híbrido, é desenvolver junto ao aluno a consciência de que apreender algo, vai além do saber para passar na prova, aliás, seria importante que ao estar pautado numa metodologia ativa, na qual o aluno possa construir junto ao professor o caminho de seu aprendizado, as provas fossem substituídas pela observação/registro do desempenho/crescimento do aluno após feedbacks presentes em cada etapa do processo de conhecimento. E nesse ponto, cabe mais uma competência necessária a esse professor.

Num cenário de ensino híbrido cabe ao professor não apenas a correção de provas como no ensino tradicional. Ao docente é necessário desenvolvimento da capacidade de dar feedbacks bem estruturados aos estudantes, para que possam seguir caminho de aprendizagem iniciado. Ao se voltar, portanto, para o exercício do ensino híbrido, cabe a cada docente pensar o processo de aprendizagem como algo que é construído a muitas mãos (do professor e dos alunos) e em espaços e momentos diferentes (online e presencial), com ferramentas diferentes. Em meio a tudo isso, cresce a participação do aluno como protagonista de seu processo de formação e a atuação do professor como um guia orientador e questionador.

Muito pode ser feito. A aventura está apenas começando!

 

Autor: Tattiana Tessye

Doutora em Educação pela UFGRS e Diretora da Faculdade Pitágoras de Eunápolis. Eterna aprendiz.

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