É bem provável que você já tenha passado por essa situação: depois de uma entrevista de emprego, não recebeu nenhum retorno e ficou sem saber se a vaga foi preenchida, se o processo seletivo foi encerrado ou se sua participação teve algum ponto positivo. Existe um nome para quando isso acontece, trata-se do “job ghosting”.
Sim, o termo pode não ser tão popular, ao menos quando se trata de trabalho. Nas relações pessoais, o “ghosting” é como se chama quando alguém passa a te ignorar, não respondendo mensagens e, ao invés de lidar com possíveis conflitos, opta por ignorar completamente a outra pessoa.
No âmbito profissional o conceito é similar, e se aplica para recrutadores que “desaparecem”, mesmo depois de informar que darão um retorno referente a entrevista.
Isso, porém, tem impacto negativo para a empresa e para o profissional que está tentando se reposicionar no mercado de trabalho, e pode ser facilmente evitado com uma estratégia de feedback ou ao menos um e-mail padrão com uma resposta.
O ghosting no processo seletivo
O processo para contratar uma nova pessoa para a empresa varia de empresa para empresa, e ainda de acordo com o cargo ou o prazo para preencher uma vaga. Mas, em geral, mesmo empresas pequenas necessitam ao menos de um encontro, presencial ou online, para conhecer melhor o candidato.
E até chegar na entrevista existem etapas anteriores que ocupam o recrutador. Antes mesmo de divulgar a vaga, é necessário conversar com os envolvidos, incluindo o gestor da vaga que será anunciada. Isso é necessário para entender as principais responsabilidades, o perfil necessário, além de entender quais as oportunidades e benefícios.
Depois de publicar, há um prazo para receber as candidaturas e uma etapa de análise que permite filtrar os currículos recebidos e avaliar quais, de fato, se encaixam no perfil desejado. A partir daí, existem algumas formas de prosseguir: algumas empresas fazem testes prévios de português, ou relacionados à área, ou ainda optam por ter uma conversa telefônica.
Só então são agendadas as entrevistas ou dinâmicas. Tudo isso exige planejamento e as etapas podem durar semanas e até meses. Por isso, e enfrentando a pressão de encontrar o profissional adequado, a parte final pode não ser considerada.
A ausência de retorno não acontece só por falta de consideração dos recrutadores. Em muitos casos, a lista de candidatos é longa, ou os profissionais têm dificuldade em dar um feedback negativo, mas isso não pode ser um impeditivo. Entenda porquê:
Reputação da empresa
Uma empresa com boa reputação no mercado atrai os melhores talentos, que buscam oportunidades onde são valorizados. Já quando o oposto acontece, os profissionais podem perder o interesse e a empresa diminui suas chances de atrair os melhores e aumentar sua competitividade.
Banco de talentos
Muitas vezes, os profissionais que passam pelo processo seletivo são qualificados mas, por falta de oportunidades no momento, acabam não sendo selecionados. Mas isso não significa que eles não podem voltar ao radar da empresa caso novas oportunidades surjam. Isso só acontecerá se a empresa mantiver uma boa comunicação, mesmo ao informar a negativa sobre a vaga, permitindo que o profissional continue no banco de talentos.
Valorização dos talentos
Por mais difícil que seja, receber feedbacks negativos o ajudarão a se preparar melhor para a entrevista e desenvolver novas habilidades que o ajudarão em sua carreira.
Ao não ouvir nada do recrutador, esse profissional é afetado emocionalmente, ou porque contava com esse emprego, ou achava que tinha ido bem na conversa. Com isso, tem sua autoestima afetada, que pode prejudicá-lo em outros processos.
Além disso, trata-se de valorizar as pessoas e entender que, se de um lado a empresa dedica horas na condução do processo seletivo, o profissional também investe tempo e dinheiro para participar da entrevista.
Como evitar o job ghosting?
Para as empresas que se importam com os pontos acima, é fácil mudar esse processo e evitar o job ghosting. Veja como:
Inclua a negativa nas etapas do processo seletivo
Como falamos, a equipe de RH realiza um planejamento na hora de fazer uma contratação. O ideal, então, é incluir uma etapa no processo dedicada a responder os candidatos. Essa estratégia deve ser detalhada, já que o retorno pode mudar de acordo com a empresa ou vaga.
Pode ser, por exemplo, que o número de candidatos seja muito alto, impedindo um feedback individual. Neste caso, ao menos um e-mail automático agradecendo o profissional e informando que ele não retornará para a etapa seguinte é essencial.
Além disso, algumas pessoas podem solicitar um feedback, e o entrevistador deve estar preparado para oferecer respostas específicas nestes casos.
Aperfeiçoe o feedback
Embora algumas empresas não tenham políticas de feedback definidas, ou ainda apresentem formas antiquadas de apontar problemas com os colaboradores, o feedback é uma estratégia eficiente para motivar os profissionais.
E, se feito adequadamente, também tem impacto nos candidatos. Portanto, promova uma cultura de feedback na organização, sempre priorizando uma comunicação sincera e educada, apontando como as pessoas podem melhorar.
E para os profissionais que passaram pelo job ghosting fica a dica: não desistam. Continuem se preparando para as entrevistas e buscando aperfeiçoamento profissional com estudos como o MBA EAD, e a oportunidade certa vai aparecer.
