Ter bons colaboradores, que agregam e contribuem para o crescimento da empresa, é o objetivo de qualquer organização. Mas, enquanto contratações e desligamentos acontecem, é um mau sinal quando a empresa enfrenta pedidos de demissão constantes.
Existem diversos motivos para que um colaborador opte por sair de seu cargo, inclusive envolvendo questões pessoais, viagens, mudança de carreira ou até de cidade. Mas em muitos casos essa decisão envolve algum aspecto da cultura organizacional das empresas.
É isso que diz um levantamento feito pelo Ministério do Trabalho e Emprego divulgado recentemente. O MTE fez uma pesquisa com mais de 53 mil trabalhadores que pediram desligamento das empresas entre novembro de 2023 e abril de 2024.
O levantamento foi solicitado justamente pois o número de demissões no primeiro semestre de 2024 já ultrapassa os 4 milhões no país. Com isso, a pesquisa buscou entender os motivos dessa decisão de tantos brasileiros.
A maioria já tinha outro emprego em vista (36,5%), mas outros fatores indicados com frequência foram baixos salários (32,5%) e falta de reconhecimento (24,7%).
Por que os colaboradores pedem demissão?
A pesquisa não trata somente de questões administrativas, mas aponta também para a saúde mental dos colaboradores. Os resultados indicam que cerca de 23% dos entrevistados optou pelo desligamento por conta de adoecimento mental por estresse no trabalho.
Embora, em geral, as justificativas sejam similares independente do gênero ou raça, no caso das questões relacionadas à saúde mental, o número de mulheres que relatou a questão foi maior que o dos homens. Confira os principais motivos para os pedidos de demissão no Brasil atualmente:
Baixo salário
Mais de 30% dos participantes da pesquisa indicaram esse como o fator motivante para deixar a empresa. Com o custo de vida cada vez mais elevado, as pessoas passam a priorizar a compensação financeira em sua atuação profissional, e suas empresas não conseguem ser competitivas nesse sentido.
Falta de reconhecimento
Esse foi o fato apontado por 24,7% das pessoas, que não se sentiam valorizadas em sua empresa. Esse sentimento está diretamente ligado à produtividade dos colaboradores, e, quando não há incentivo para que eles melhorem, se desenvolvam e conquistem novas posições, eles perdem a motivação dentro das organizações.
Problemas éticos
A falta de alinhamento com os valores e dúvidas sobre questões éticas também afastou 24,5% dos entrevistados de suas empresas. Essa porcentagem aumenta para 28% quando se trata de jovens entre 18 e 29 anos.
Ao entrar no mercado de trabalho, a nova geração enfrenta problemas com gestões antiquadas ou desatualizadas, o que acaba diminuindo seu comprometimento com a organização.
Má gestão
Outro tema destacado por 16,2% foi em relação à gestão, apontando problemas com a chefia direta. Quando se tratam das mulheres, essa porcentagem aumenta para 17%, indicando a dificuldade das empresas em promover treinamentos e uma cultura adequada das lideranças.
Falta de flexibilidade
Para completar a lista, a falta de flexibilidade na jornada foi apontada por 15,7% dos respondentes. Também nesse cenário, o número aumenta com as mulheres, que costumam enfrentar jornadas duplas e precisam aliar as responsabilidades do trabalho com os afazeres domésticos e familiares.
Como evitar os pedidos de demissão?
Sabendo disso, as empresas podem se reorganizar para sanar essas questões e evitarem a demissão dos colaboradores. Além de perder profissionais valiosos que contribuem para o resultado das empresas, essa evasão custa caro para as organizações. Veja como evitar isso:
Plano de carreira
Saber que têm oportunidades para crescerem e serem promovidos internamente é um fator de estímulo para os colaboradores, que se sentem valorizados e propensos a melhorar seu desempenho.
Por isso, é importante que o RH desenvolva um plano de carreira e acompanhe a jornada de cada profissional por meio de avaliações de desempenho, e colabore com seu desenvolvimento.
Treinamento
Uma empresa é como uma espécie de sociedade e exige que as pessoas aprendam a lidar umas com as outras da forma adequada para evitar que o ambiente se torne tóxico, levando a problemas relacionados à saúde mental e o desligamento.
Desenvolver uma cultura organizacional que promova uma boa convivência, além de treinar os profissionais em papéis de gestão e liderança permite estabelecer essa cultura com mais eficácia, criando um ambiente positivo.
Benefícios competitivos e flexíveis
Quando se tratam de questões financeiras, muitas áreas são envolvidas, mas buscar remunerações competitivas deve ser uma prioridade nas organizações. Além disso, oferecer benefícios atrativos e flexibilidade de horários e formato de trabalho pode ser um diferencial para que os colaboradores permaneçam.
Ouvir as pessoas e entender o que elas acreditam que irá melhorar sua performance é uma forma de desenvolver soluções adequadas para que elas se sintam satisfeitas e motivadas.
O RH tem uma atuação central nesse processo, e seu papel deve ser garantir que os colaboradores se desenvolvam e optem por continuar na empresa. Se especializar com a pós-graduação em Recursos Humanos permite aos profissionais que atuam nessa área trabalhar de maneira focada nesse processo, evitando pedidos de demissão.