O acolhimento e a aprendizagem bem-sucedida dos alunos com deficiências, de qualquer tipo, dependerá muito da atitude e do conhecimento dos professores inclusivos.
Em primeiro lugar, os docentes deverão interpretar as dificuldades de relacionamento entre alunos com e sem deficiências, não obrigando os alunos a se aceitarem imediatamente e sim, mostrando as diferenças e as igualdades entre eles. Podem realizar as atividades em conjunto com todos, de modo a facilitar o processo de interação.
Às vezes, pode existir desmotivação de alguns professores com relação aos alunos com deficiências, devido às dificuldades de comunicação, e que pode levar ao estabelecimento de uma expectativa baixa sobre o alcance dos objetivos educacionais.
Os professores podem se acostumar com essas dificuldades dos alunos e acabar desistindo de buscarem alternativas para o seu aprendizado.
Além disso, do ponto de vista afetivo, a comoção em se deparar com o diferente pode estabelecer uma distância entre professor e aluno, causando temores e a desistência do docente por falta de preparo emocional para lidar com a situação de inclusão.
A interação e comunicação entre professores e alunos é essencial para que o educador entenda as necessidades de cada estudante e o trabalho em equipe deve ser incentivado sempre, por ser benéfico para todos os alunos, com ou sem deficiências.
E quando se discutem as relações entre a sala de aula regular e o AEE, deve-se levar em conta que é na prática que se encontram as possibilidades de mudanças que vão muito além das reformas educacionais desenvolvidas por meio de programas e projetos de órgãos governamentais.
Podemos dizer que se espera que o professor inclusivo apresente a ele um conhecimento bem fundamentado em sua área de atuação e que se mantenha atualizado, o que irá garantir ao ele a possibilidade de se colocar na posição de aprendente.
O estar em contato com o seu modo de aprender e com as suas singularidades, pode dar ao professor a compreensão das singularidades do processo de aprendizagem de seus alunos.
Deve aperfeiçoar o seu conhecimento específico, conhecer as teorias pedagógicas e as técnicas didáticas variadas, para poder compor um conjunto de recursos enriquecido e trabalhar com as singularidades e as metodologias mais adequadas para que a aprendizagem aconteça.
É essencial o conhecimento de teorias sobre o funcionamento psíquico do ser humano, sobre a dinâmica de grupos, sobre as experiências relacionais com pessoas e com o mundo material, as experiências escolares e o contato com recursos e a tecnologia.
Sobre a sua atitude, o professor deve manter um estado de observação permanente em relação aos seus alunos para verificar como o conhecimento está sendo construído, se o aluno está conseguindo construir os conceitos que estão sendo trabalhados.
É essencial que o professor tenha oportunidade de compartilhar as suas experiências e angústias com colegas da equipe pedagógica, mesmo que muitos professores não exponham as suas dificuldades por se sentirem envergonhados por, às vezes, não saberem o que fazer.
E, finalmente, para adquirir esta prática mais rica e acolhedora, o professor precisa refletir sobre si mesmo, sobre suas dificuldades, sobre como aprendeu e como aprende, num processo chamado de Metacognição, exercitada como um recurso didático a ser usado pelo professor, e que também poderá ser usado para ajudar seus alunos a conhecerem o próprio modo de pensar e de aprender.
Ao adotar uma postura reflexiva e reconhecer, em sua própria experiência de vida, as situações de inclusão e de exclusão, o professor ajudará na elaboração de ideias e estratégias que concretizem a prática da inclusão escolar.
Autoria: Juliana Zantut Nutti
Revisão: Nancy Capretz Batista da Silva