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Curiosidades

A importância da Avenida Paulista no deslocamento urbano

A Avenida Paulista, a mais icônica via paulistana, e uma das mais conhecidas no Brasil, ajuda a contar não só a história da cidade, mas também a história do uso do sistema viário e o seu impacto no deslocamento urbano. Circulava pela via, em média, entre 2015 e 2019, 1.000.000 pessoas, sendo 350.000 de ônibus, 150.000 de metrô, 150.000 de automóvel, através de100.000 automóveis, 5.000 de bicicletas, fora outros meios.

A Avenida Paulista foi projetada e implantada nos últimos anos do século XIX, com 12 metros de largura e 3 pistas: duas (nas laterais) destinadas a bondes puxados a cavalo e uma central destinada a carroças, carruagens e bicicletas que proporcionavam mobilidade aos moradores da via, os barões de cafés. Ainda não possuía uma pavimentação, tendo apenas revestimento primário.

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Nessa época, a via estava relativamente afastada do resto da cidade, dispondo de algumas ligações com o Centro da Cidade. Em 1900, os bondes elétricos substituíram os puxados a cavalo e o progresso continuou em 1909, sendo a primeira via pavimentada com asfalto na cidade de São Paulo.

Durante a primeira metade do século XX, com a consolidação dos palacetes, a via não era apenas um local para deslocamento, mas era a expressão da elite que podia desfrutar da sua via larga e conservada como uma passarela de desfile. Todas as implantações feitas nessa época tinham como objetivo preservar a contemplação da cidade aos pés da Avenida Paulista.

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O perfil residencial com seus casarões persistiu até a década de 1950, dando lugar então a prédios residenciais e comerciais que densificaram a ocupação, necessitando de mais e melhores alternativas de deslocamento. A esta altura, a via já estava tomada por automóveis e ônibus, que aos poucos substituíram os bondes elétricos.

Entre as décadas de 1960 e 1970, houve a intensa expansão do modo rodoviário e a avenida Paulista não passou ao largo dessa mudança: foi implantado um projeto para o alargamento da via, que passou a ter 48 metros de largura: com cada sentido possuindo 4 faixas de rolamento para veículos, totalizando 12,60m por sentido, separados de canteiro central de 2,40m e calçadas nas laterais com 10 metros de largura.

Também foi desenvolvido um projeto que contemplava a transformação da superfície em um boulevard, para o deslocamento predominante de pedestre e enquanto os veículos ocupariam o nível inferior, subterrâneo. Dessa forma, praticamente eliminaria os conflitos entre veículos e pedestres e a avenida ganharia uma amplidão sem paralelos no Brasil. Este projeto foi implantado parcialmente e ainda é possível ver algumas partes do nível subterrâneo.

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A partir de 1990, coincidindo com a mudança do centro financeiro para outras áreas, houve uma mudança no perfil do deslocamento da avenida, com ênfase no transporte coletivo e ativo. Foram inauguradas as estações de metrô e implantadas as faixas preferenciais para ônibus.

Em 2003 inicia-se uma nova fase das calçadas da via, mais acessível e com repaginação do mobiliário urbano, mais adequado à circulação de pedestres e para a contemplação do espaço urbano. Nesta etapa houve valorização do espaço do pedestre e consolidação da via como espaço de manifestação do paulistano, em todos os sentidos: populares, artísticos, comemorativos etc.

Entre 2007 e 2008 foram feitas pequenas intervenções de geometria e sinalização que permitiu ganhos de segurança e fluidez tanto para pedestres quanto para usuários de automóveis. Foram padronizadas as faixas de pedestres, implantado mobiliário canalizando os pedestres, alterações na geometria que permitiu maior fluidez aos veículos, além de melhoria nas sinalizações vertical e semafórica.

Em 2012, foi iniciada a implantação da ciclofaixa dedicada ao lazer aos domingos. Em 2013 as faixas preferenciais de ônibus se tornaram exclusivas, o que proporcionou uma diminuição no tempo de viagem para o usuário do transporte coletivo.

Ainda que pese as interferências no tráfego de ônibus na faixa exclusiva, tais como acesso aos lotes lindeiros, pois as calçadas, apesar de terem 10,0metros de largura, ainda possuem guias rebaixadas para acesso às garagens, além de pontos de carga e descarga e de embarque e desembarque.

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A última grande mudança física da avenida ocorreu em 2015, quando para atender uma demanda por deslocamento cicloviário, o canteiro central foi alargado para 4,0m e acomodou uma ciclovia permanente. Neste caso, não houve supressão de faixas de rolamento para veículos motorizados.

Em 2016, foi adotado o fechamento da via aos veículos motorizados aos domingos para atividades de lazer. Este projeto não era inédito, foi iniciado em 1976, sendo intermitente até 1982, mas abandonado ainda no mesmo ano.

Como pode-se notar, assim como as necessidades de deslocamento foram se alterando com o tempo, a Avenida Paulista também se adaptou às necessidades de cada época para continuar sendo um símbolo da cidade, como há mais de um século.

Autor do texto: Leonardo Hotta

Revisora: Bruna Pizzol

Autor: Equipe Blog Portal Pós

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