Até o fim de 2012, Malala Yousafzai era apenas mais uma estudante paquistanesa que tentava conduzir a sua vida em meio aos desafios que a ocupação talibã causava ao país. O grupo extremista se posicionava contra a educação feminina, acreditando que as mulheres deveriam apenas cuidar de afazeres domésticos e cozinhar. Ledo engano.
Ainda no começo da adolescência, Malala já mostrava ao que veio. Ela era uma das estudantes mais aplicadas na escola dirigida pelo próprio pai e, paralelamente, liderava lutas para dar voz às garotas locais que queriam estudar, mas eram impedidas.
A movimentação tão expoente acabou chamando a atenção dos radicais que, sabendo das iniciativas, balearam-na no rosto dentro de um ônibus escolar numa tentativa de “dar o recado”. O atentado aconteceu em outubro de 2012, na cidade de Mingora, ao norte do Paquistão.
“Achei estranho as ruas estarem vazias [no caminho para a casa]. Pouco depois, dois rapazes subiram no ônibus que eu estava, perguntaram por mim e dispararam. Outras duas meninas também foram machucadas”, disse Malala em entrevista à rede BBC. O resgate chegou pouco tempo depois e a garota foi levada para o hospital militar de Peshawar. Em pouco tempo a história ganhou fama e o próprio governo se envolveu, pedindo que médicos britânicos que estavam no país dessem seus pareceres.
Malala tinha sido baleada na cabeça e pescoço, e seu estado era muito grave. A equipe que se envolveu no caso sugeriu que ela fosse levada para Birmingham, onde poderia ter o tratamento adequado. Assim, Malala e sua família seguiram para a Inglaterra para escrever novos capítulos de suas histórias. Hoje, todos os cinco membros residem por lá.
Sem meias palavras
Mesmo longe de sua terra natal, Malala continuava brigando por uma educação inclusiva e, assim, foi ganhando notoriedade ao redor do mundo. Em 2013, ela criou sua própria fundação, a Malala Fund, na qual arrecada verba para permitir que meninas, de diversas nacionalidades, tenham acesso garantido à educação. Nesse meio tempo ela também encontrou líderes e expôs suas ideias sem medo de olhares feios. “No encontro com Obama, eu disse que ele precisava parar de usar drones [destacados para vigilância e ataques, principalmente em países do Oriente Médio]. Você precisa levar os pedidos certos às pessoas certas. Não estava pedindo nada extra para ele”, disse em entrevista à Ellen DeGeneres.
Tanto esforço e disposição para provocar mudanças estava começando a dar muitos resultados e, então, Malala foi condecorada com o Prêmio Nobel da Paz de 2014, sendo considerada a ganhadora mais nova, com apenas 17 anos.
Vislumbrando um futuro brilhante
“Vou ser política no futuro. Quero mudar o futuro do meu país e quero que a educação seja obrigatória”, disse a jovem. “Para mim, o melhor modo de lutar contra o terrorismo e o extremismo é fazer uma coisa simples: educar a próxima geração. Acredito que alcançarei esse objetivo porque Alá está comigo, Deus está comigo e salvou a minha vida”, completou na entrevista à BBC. O mundo parece realmente pequeno para todos os sonhos da jovem que aprendeu na prática o significado da palavra sororidade.