Cresce número de mulheres na Engenharia, mas ainda há desafios; veja o artigo

engenheira para representar texto sobre mulheres na engenharia

O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é celebrado anualmente no dia 23 de junho. É um momento importante para reconhecer a força das engenheiras e contribuir com o fortalecimento da luta por igualdade. A data foi lançada em 2014 pela Women’s Engineering Society (WES), sociedade localizada no Reino Unido.

Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) indicam que a participação feminina na Engenharia está crescendo. Entre 2016 e 2018, houve um aumento de 42%. Ou seja, o número de mulheres registradas passou de 13.772 para 19.585. Esse cenário é visto como positivo e promissor pela Nirse Ruscheinsky Breternitz, doutora em Engenharia de Alimentos.

“O mercado está começando a receber melhor as engenheiras, inclusive em áreas que antes eram bem restritas aos homens e, assim, as mulheres estão perdendo o medo do preconceito. Com a cara e a coragem, nós estaremos dominando a engenharia. Talvez não seja em todas as áreas (ainda), mas cada vez mais”, diz Nirse, que atua como coordenadora acadêmica de pós-graduação na Platos.

Para Mariana Gerardi Mello, doutora em Engenharia de Materiais e também coordenadora de pós-graduação da Platos, o crescimento de mulheres na Engenharia está relacionado com o acesso mais facilitado à educação hoje do que antigamente. “Experimentamos um fluxo de informações gigante e crescente e, agora, temos acesso a faculdades, pós-graduações e cursos em geral, mais facilmente do que nossas mães e avós”, pontua.

Ainda de acordo com Mariana, esse crescimento representa o quanto as mulheres estão seguindo em direção aos seus objetivos profissionais. “Muitas vezes, fazemos mágica para conciliar todos os aspectos da vida. Mas é um cenário de possibilidades, sem dúvidas. O futuro caminha para um mundo onde o que importa é sua paixão, sua dedicação e não suas características físicas. Estamos num mundo ideal? Longe dele. Mas a evolução é uma realidade”, destaca. 

Mariana Gerardi Mello e Nirse Ruscheinsky Breternitz 

Cenário de Mulheres na Engenharia é positivo, mas ainda há desafios

Apesar da chegada de mais mulheres nos últimos anos, o setor ainda conta com forte presença masculina. Nirse, por exemplo, sentiu na pele o preconceito. “Durante o mestrado, optei por experimentar a indústria e consegui uma excelente colocação. Porém, senti muito preconceito pelo fato de estar na produção industrial e ter que comandar homens. Alguns mais velhos que eu e que nunca haviam sido gerenciados por mulheres”, conta.

“O mercado da engenharia é cheio de oportunidades em diversos segmentos. Existem, sim, áreas nas quais ainda encontramos muito preconceito, mas vejo com bons olhos a evolução que estamos construindo mesmo nesses setores tradicionalmente mais masculinos”, destaca Mariana, indicando que há um progresso na participação feminina no setor.

Conforme explica Mariana, existem mulheres em todas as áreas da engenharia que quebram, todos os dias, alguma barreira. “Tenho amigas engenheiras que lideram produção de automóveis e que desenvolvem automação”, exemplifica.

Ela acredita ainda que, atualmente, cada vez mais pessoas enxergam o quanto a diversidade importa, em todos os sentidos. “Quanto mais pessoas com diferentes visões de mundo e experiências constroem juntas um produto, um processo, uma solução, maior a chance de ser uma ótima solução”, pontua.

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Não desista dos seus objetivos e invista na especialização

Com um cenário promissor, o importante é que as mulheres não desistam e sigam seus sonhos para que se tornem engenheiras. Durante a construção da sua carreira, a dica de Nirse é ter força, foco e coragem. “A engenharia é um substantivo feminino, e seu ofício é para todas com determinação para seguir por esse caminho, que não é fácil, mas é uma delícia”, destaca.

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Já a orientação de Mariana é que as mulheres não desistam por imaginar que seja um mundo onde apenas homens se destacam. “Vão existir locais de trabalho que não se encaixam? Vão existir. Mas aí nos reinventamos, nos fazemos ser entendidas caso seja possível e, se não for, buscamos nosso lugar em outra oportunidade. Sempre que trabalhamos com algo que gostamos, temos a chance de alcançar mais facilmente o tão sonhado equilíbrio na vida”, salienta.

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Tão necessário quanto não desistir diante das dificuldades é investir em uma especialização para ter uma carreira de destaque e acesso às melhores oportunidades. A graduação em Engenharia é uma conquista relevante, mas é importante ir além, ou seja, investir em uma especialização, para desempenhar o seu papel na área de atuação escolhida com maestria, conforme aconselha Nirse. 

A graduação, em si, traz conhecimentos importantes e ajuda a desenvolver o pensamento crítico e outras características que formam as engenheiras. “O próximo passo deve ser se especializar no que trabalha ou pretende, para que conhecimentos mais específicos sejam adotados na direção de se tornar uma ótima profissional”, incentiva Mariana.

Além do investimento na pós-graduação em Engenharia, é importante que, para se destacar na área, haja dedicação, interesse e, principalmente, paixão no que faz. “Para mulheres na engenharia, também reforço uma dose um pouco maior tanto de autoconhecimento quanto de conhecimento dos lugares nos quais se deseja trabalhar, para escolher um lugar que combine com suas aspirações profissionais e seus valores”, orienta Mariana. 

Por fim, no Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é importante entender que essa data comemorativa existe para lembrar que muitas lutas foram vencidas para as mulheres estarem onde estão e que algumas ainda estão por vir. “Precisamos ter a dimensão do quanto somos privilegiadas por já podermos ter a liberdade de escolha que temos hoje e que façamos nossa parte por continuar nessa evolução”, finaliza Mariana.

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