Em uma época em que as mulheres tinham as atividades domésticas como principal ocupação, a gaúcha Rita Lobato Velho Lopes enfrentou o preconceito e se tornou a primeira mulher a se formar médica no país, e a segunda na América Latina. Curiosa e dedicada, Rita ousou seguir a sua vocação e foi precursora na sua área.
Nascida em 1886, em São Pedro do Rio Grande, no Rio Grande do Sul, ainda criança, revelou à família que gostaria de ser médica, inspirada pelo clínico que atendia a sua família. Aos 17 anos, Rita perdeu a mãe em consequência de uma hemorragia após o parto do seu 14º irmão. Essa perda marcou tanto, que Rita prometeu que faria algo para que esse tipo de situação não ocorresse novamente.
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Depois de se mudar para o Rio de Janeiro com seu pai e seus irmãos, Rita se matriculou na Universidade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1884, onde cursou o primeiro ano. Em seguida, por conta de uma confusão que envolveu seus dois irmãos, também alunos da instituição, mudou-se de estado novamente, agora para a Bahia, onde estudou na Faculdade de Medicina de Salvador.
RITA LOBATO: OS DESAFIOS DE SER PIONEIRA NA MEDICINA
Claro que o começo foi muito difícil para Rita, afinal, fazia pouco tempo que um decreto-lei de D. Pedro II havia autorizado as mulheres a cursarem faculdade e obterem títulos acadêmicos. Já dá para imaginar como ela foi hostilizada por colegas e professores no começo. Mas ela era uma mulher forte e determinada, com notas excelentes, e aos poucos, conquistou o respeito e simpatia de todos. Em 1887, Rita recebeu seu título de médica depois de defender uma tese sobre a operação cesariana, e se especializou em ginecologia e obstetrícia. Mesmo depois de obter o seu diploma, voltou a sofrer preconceito dos colegas homens no quando foi trabalhar em um hospital. Ao voltar para o Rio Grande do Sul, ela se casou, teve uma filha chamada Ísis e passou a fazer atendimentos em sua própria casa.
ESPECIALIZAÇÃO INTERNACIONAL
Incansável, Rita não se deixou limitar pela crítica alheia ou pelo preconceito e foi atrás de mais conhecimento. Buscou especialização em Buenos Aires, onde ficou por cinco meses, período no qual se dedicou a cursos, palestras, conferências e estágios em hospitais.
DEVOÇÃO À MEDICINA E AOS POBRES
Ao retornar para o Brasil, Rita passou a atender pessoas de todas as classes, principalmente os pobres. Ela realizava muitas consultas gratuitas e distribuía medicamentos sem cobrar nada, a quem precisasse. Ela fazia isso em homenagem à memória de sua falecida mãe.
FOI PIONEIRA TAMBÉM NA POLÍTICA
Depois da morte de seu marido, Antonio Maria, com quem ela foi casada por 37 anos, Rita decidiu doar todo o seu material de trabalho para o hospital local e se dedicar à conquista do direito ao voto. Depois que as mulheres passaram a poder votar, ela resolveu ajudar o povo da sua cidade. Venceu as eleições em 1934 e se tornou a primeira vereadora da cidade de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, pelo Partido Libertador. Seu mandato foi interrompido em 1937, quando a ascensão do Estado Novo interditou as câmaras municipais.
Mesmo depois da interrupção de sua trajetória como vereadora, ela continuou lutando pelos direitos das mulheres e retornou aos atendimentos como médica.
Rita Lobato faleceu em 1954, aos 87 anos de idade, deixando um grande legado para as mulheres na medicina e na luta pelos direitos femininos.
PÓS-GRADUAÇÃO PITÁGORAS NA ÁREA DA SAÚDE
Apesar de possui grande vocação, Rita Lobato sempre acreditou que a educação e a especialização poderiam levá-la mais longe, e esse é o caminho que você, profissional da área da saúde, pode seguir para conseguir alcançar seu sucesso. Na Pós Pitágoras você pode estudar com horários flexíveis nos cursos à distância com duração de 10 meses ou 6 meses. Descubra qual é a melhor opção para você e se inscreva em um dos cursos de pós-graduação da Pitágoras.