Qual a relação de “A Revolução dos Bichos” com o mercado de trabalho?

porco para ilustrar texto sobre a revolução dos bichos

Um dos livros mais icônicos do século 20, “A Revolução dos Bichos”, clássica obra do autor inglês George Orwell, é uma sátira da Revolução Russa de 1917, mas espanta como o tema se faz tão presente no contexto atual. No livro, os bichos de uma fazenda se rebelam contra o dono, Sr. Jones, a exploração humana e o totalitarismo, muito presente na política da época.

A Revolução dos Bichos

Em 2020, depois de 70 anos em que a obra foi publicada pela última vez, o livro pode ser publicado pelas editoras de todo o país sem necessariamente pagar pelos direitos autorais, por isso diversas publicações estão sendo programadas e lançadas. Essas adaptações trazem ainda mais à tona o assunto em questão: até onde planejar pela liberdade é uma utopia?

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Apesar de ser considerado praticamente uma fábula infantil (que já ganhou inclusive adaptações para animações), a obra de Orwell fala sobre a opressão e a manipulação das massas, normalmente se dada por um representante que não está acessível ao público explorado e que também é mais fraco em relação aos seus subordinados como um todo.

O conto traz o personagem Major Porco, líder do movimento contra a opressão sofrida por Sr. Jones. Ao lado dele, estão seus amigos Napoleão e Bola-de-Neve, prontos para entrarem nessa disputa à procura da liberdade. Porém, ao longo do conto vê-se claramente a perda do objetivo central para uma disputa de poder, cega pela capacidade de mandar em um grupo que se faz mais fraco. 

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Após a morte do Major Porco e do Sr. Jones, Bola-de-Neve é expulso do grupo por ser acusado de traidor por Napoleão, que agora lidera o império dos animais da fazenda. Sem terem como se alimentar, pois os recursos dependem de negócios feitos fora da granja, os animais decidem ocupar a antiga casa do Sr. Jones e usufruir do que encontrarem por lá.

Porém, indignados com a falta de recursos e pela piora da qualidade de vida que vivem atualmente, os animais da fazenda começam a morrer, um a um, sobrando apenas alguns porcos que começam a andar sob as duas patas.

Comparação com o mercado de trabalho

Viu alguma semelhança com o ambiente de trabalho em que você faz parte? Primeiramente, a figura totalitarista que alguns chefes ainda insistem em manter nas empresas, deixando-o inacessível e sempre exigindo tarefas dos funcionários, muitas vezes sem nem mesmo olhá-los nos olhos. 

As ordens vêm de cima e os subalternos são obrigados a obedecer em troca do salário no fim do mês. Assim como os porcos de “A Revolução dos Bichos”, muitas vezes, os funcionários da empresa são vistos como uma massa, prontos para operarem no que é necessário, perdendo sua identidade individual e sua voz.

O Major Porco nem sempre se faz presente como uma pessoa que traz as ideias, mas como a ideia em si que permeia a cabeça de alguns profissionais. E se a liberdade puder ser algo a ser conquistado bem a nossa frente? Será que somente a queda da figura de poder já seria o suficiente para podermos sonhar com um trabalho melhor, menos estressante e com mais reconhecimento? Esse símbolo de utopia é facilmente encontrado diante da insatisfação dos empregados em momentos de revolta e de identificação dessa exploração.

O Bola-de-Neve aparece como uma figura sensata de destaque, capaz de trazer uma visão diferente e outras possibilidades. Ele apresenta os caminhos que podemos seguir diante de uma queda ou troca de poder em que a empresa para quem estamos trabalhando passa. Apesar de ser uma figura ativa, nem sempre esse clima mais político e equilibrado tem voz ativa diante de um personagem autoritário. Portanto, ele acaba sendo deixado de lado, tanto quanto suas ideias.

O Napoleão é um personagem que conhecemos claramente em todas as empresas: aquele que sente o gostinho do poder e decide fazer as coisas à sua maneira. Como já é de se esperar, não escuta a voz das pessoas que estão abaixo, ignora a necessidade de olhar para um futuro próximo e se contenta com a situação a curto prazo, principalmente se irão enaltecê-lo no presente.

A conclusão dessa história na nossa vida é ficarmos atentos a esses personagens no mercado de trabalho para não termos a ideia utópica de que, se o chefe for derrubado, a vida será mais fácil. Precisamos estar sempre à procura de líderes que se importam com a opinião de todas as pessoas da empresa e entendem a importância de cada uma delas em sua função para que a empresa possa funcionar.

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