Mulheres na ciência: importância, desafios enfrentados e como ingressar na área

imagem de uma mulher no laboratório para ilustrar o texto de mulheres na ciência

Os séculos passaram, nós ficamos mais atentos às questões de gênero e muitas coisas mudaram ao longo dos anos, contudo, as mulheres ainda enfrentam uma série de problemas e barreiras no cotidiano. Uma delas é a ideia de que algumas profissões são apenas masculinas, o que dificulta, por exemplo, a presença de mais mulheres na ciência. 

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A área científica, seja nas exatas ou nas biológicas, ainda é vista como um espaço para homens. Esse cenário é o resultado de décadas de estereótipos e contextos que afastavam, e até mesmo proibiam, que mulheres se dedicassem à ciência, um contexto que reverbera até os dias atuais.

Contudo, apesar dos constantes desafios enfrentados pelas cientistas, hoje em dia estamos caminhando para dias melhores, em que a importância das mulheres é reconhecida e, aos poucos, mais procurada pela área. Neste artigo, vamos abordar justamente a importância e os desafios das mulheres no campo das ciências, um tema atual e de grande relevância tanto para o desenvolvimento de pesquisas, quanto para o mercado de trabalho formal.

Quais desafios elas enfrentam?

Por mais que o tema seja muito atual, as mulheres precisam lidar com os desafios para conseguir uma carreira científica há séculos, e muitas barreiras permanecem as mesmas.

Desproporção numérica de profissionais

Nise da Silveira, por exemplo, médica responsável por revolucionar tratamentos psiquiátricos, foi a única mulher a se formar em medicina em uma classe com 158 alunos, em 1926. E hoje em dia, a disparidade numérica entre profissionais ainda é preocupante e desestimulante.

Conforme mencionado pela Agência Brasil, o relatório “A Jornada do Pesquisador pela Lente de Gênero”, da empresa Elsevier, revelou em 2020 que a presença de mulheres nos campos científicos gira em torno de 20%, em todo o mundo.

Apesar da quantidade de mulheres em cursos de ciências estar aumentando, esse cenário contribui para a perpetuação de preconceitos e ideias ultrapassadas sobre o que deveria ser o ambiente das ciências, o que acrescenta ainda mais barreiras às profissionais femininas.

Dificuldades para conciliar a ciência e a maternidade

Um exemplo clássico é a questão da maternidade. Como Cristina Baena, professora e coordenadora de pós-graduação, explicou para a Agência Brasil, as responsabilidades que as mulheres acumulam ao longo da vida interferem em seu desempenho na área de pesquisa.

Historicamente, são elas que assumem os principais papéis na hora de cuidar dos filhos e da casa, o que diminui o tempo disponível para se dedicar à ciência e assumir posições de líder na produção acadêmica. A carga que recai nas mulheres precisa ser revista, e de acordo com Baena, outro ponto importante é que o modelo de carreira científica no Brasil não permite que tais posições coexistam.

“Hoje, a gente não tem estrutura para acolher os filhos das pesquisadoras nem em eventos científicos, o que dificulta a presença delas. É preciso dar condições para essas mulheres continuarem na carreira, porque quando conseguem, há impacto muito importante na formação de recursos humanos e na produção científica”, explicou a professora ao veículo.

Diferenças salariais e de acesso entre homens e mulheres

Além disso, outro ponto importante ao falar da atuação feminina na ciência é a remuneração. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, a disparidade entre salários de homens e mulheres ficou ainda maior em 2021, e a perspectiva para o equilíbrio está distante: estima-se que vamos precisar de 267 anos para alcançá-lo.

No Brasil, as profissionais femininas ganham 77,7% do salário dos homens, segundo dados do IBGE, sendo que em cargos mais altos e de liderança, como diretores e gerentes, a porcentagem diminui e chega a 61,9%. Ou seja, mulheres recebem pouco mais da metade do que seus colegas homens.

E qual a importância das mulheres na ciência?

Apesar das inúmeras dificuldades, as mulheres não desistiram da carreira científica e continuam, desde séculos atrás, mostrando que são tão capazes quanto os homens e deixando claro por que são tão importantes nessa área do conhecimento.

Contribuições históricas

Marie Curie, por exemplo, participou da descoberta da radioatividade e dois elementos radioativos, o rádio e o polônio. E se hoje todos nós usamos computadores em nossas rotinas, precisamos agradecer à Ada Lovelace, que em 1942, foi a primeira pessoa a incluir algoritmos para uma máquina funcionar.

As contribuições seguiram aumentando, com exemplos como Françoise Barré-Sinoussi, a virologista que descobriu o HIV, e Rosalind Franklin, participante da descoberta do DNA, até chegarmos aos dias atuais.

Dentre muitos feitos notórios de cientistas femininas, podemos destacar um que causou grande impacto nos últimos anos: o trabalho de Jaqueline Goes de Jesus. A biomédica brasileira coordenou o sequenciamento do genoma do coronavírus em apenas 48 horas.

Resiliência

Além disso, pensar na atuação feminina em ambientes científicos também significa reconhecer a importância de algumas características das mulheres. Criadas em cenários adversos, e obrigadas a lidar com inúmeros desafios e negativas em seu caminho, elas desenvolvem uma grande capacidade de resiliência.

Competência de ser multitarefas

Outro ponto importante é conseguir executar muitas tarefas ao mesmo tempo, o que também deriva da necessidade de se adaptar e cumprir com diversas responsabilidades. Muitas vezes, desde crianças, as mulheres precisam cuidar da casa, cozinhar, cuidar de irmãos e primos mais novos e conciliar esses afazeres com a escola e, depois, a faculdade e o trabalho.

Diversidade garante qualidade à ciência

Por fim, o evento Gender Summit, que aconteceu em setembro de 2021, apresentou dados que comprovam: quanto mais mulheres cientistas, mais qualidade nas pesquisas. Segundo as informações, divulgadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, a diversidade de gênero contribui para mais avanços para a sociedade. 

Como ingressar na área científica?

Agora que você já sabe a importância de ser uma mulher na área científica, por que não se tornar uma cientista? Apesar dos desafios, o cenário está caminhando para reconhecer e dar ainda mais espaço às mulheres, que já estão fazendo toda a diferença nos campos acadêmico e do mercado de trabalho formal.

E para te ajudar a seguir esse caminho, separamos algumas dicas, confira abaixo.

1 – Escolha em que área quer trabalhar

Quando falamos em ciências, consideramos um amplo leque de oportunidades. Elas vão das exatas às biológicas, e do trabalho com insetos até a observação de galáxias distantes. Por isso, entenda qual área da ciência mais te atrai e avalie as possibilidades de carreira.

2 – Invista em especializações

Em alguns casos você terá que começar uma graduação, contudo, caso já seja formado e queira seguir em uma área semelhante, pode optar por outras alternativas. Uma delas é a pós-graduação rápida, que une qualidade de ensino e a possibilidade de concluir os estudos em apenas seis meses.

3 – Aposte em novos idiomas

Muitas vezes, estar no meio científico significa entrar em contato com produções acadêmicas, eventos e pesquisadores de todo o mundo. E para não perder nenhuma oportunidade e se manter atualizada, não esqueça de estudar novos idiomas, especialmente o inglês.

4 – Não desista do seu sonho

Por mais que as dificuldades possam te desanimar, não deixe que os desafios abalem sua vontade de fazer parte das mulheres na ciência. Elas já percorreram um longo e brilhante caminho até agora, e você tem tudo para fazer parte dessa história a partir de hoje.

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