Arts and Crafts: material para decoração e seu contexto histórico

 

A Revolução Industrial no século XVIII refletiu em vários setores produtivos e econômicos, incluindo no de produção de móveis e artigos de decoração. Assim, para contrapor à fabricação de mobiliários pela indústria, no final do século XIX surgiram alguns movimentos, dentre eles o Art Nouveau na França e o Arts and Crafts na Inglaterra.  

As principais críticas feitas pelos designers e arquitetos deste período eram a exploração dos trabalhadores nas atividades realizadas nas indústrias e a falta de qualidade dos produtos produzidos. O Arts and Craftsque mais tarde influenciaria a Escola Bauhaus na Alemanha, tinha em sua filosofia a produção de mobiliário por meio do artesanato, utilizando materiais puros, a simplicidade e funcionalidade livre de ornamentação excessiva. 

Parte de sua inspiração vinha do artesanato da Idade Média, justamente quando a produção artesanal atingiu seu apogeu, e a busca por incorporar elementos da natureza nas áreas internas das edificações com produtos produzidos de forma manual ganhou destaque. Para tal, o principal material empregado era a madeira natural, ou seja, sem adição de tintas ou cores que camuflem as manchas características. 

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A produção de William Morris, que além de designer era poeta, foi uma das que mais se destacou. Tanto ele quanto outros artistas/artesãos do movimento se concentraram em produzir desde móveis até objetos de decoração com a sutileza da natureza desde as cores, onde o verde e o marrom eram as principais, até a incorporação de elementos tais como rochas, folhas e cascas como referência para a produção. 

As folhas e flores, inclusive, tornaram-se os principais parâmetros para a ornamentação também de pinturas, papéis de paredes e vitrais que ocupavam as vedações verticais das edificações. Todas estas escolhas criavam ambientes com o caráter acolhedor, como salas de estar com lareiras de tijolos para receber a família e outros visitantes. 

De modo geral, a madeira mais utilizada pelos designers e arquitetos do Arts and Crafts era a de tonalidades escuras que contrastava com as aberturas para iluminação natural dos ambientes. Muitos dos móveis produzidos eram embutidos no interior dos ambientes: era o caso de cristaleiras e armários, por exemplo. Além disso, as cadeiras constituíam importantes laboratórios de experimentação das formas e da rusticidade da madeira como material de produção de móveis. 

Por outro lado, materiais como os cromados não eram utilizados de forma nenhuma na produção do Arts and Crafts. Quando optavam por algum material de natureza metálica, normalmente, eram usados o bronze ou o cobre com acabamentos antigos que ampliavam a ideia de calor nos ambientes e, junto com a madeira, criavam a atmosfera rústica ideal. Basicamente, material metálico só era incorporado nos projetos se remetesse àquilo que era produzido no estilo artesanal. 

Outra característica importante era o repúdio ao uso do concreto armado e estruturas em aço para construções e formação de espaços no geral, uma vez que tais elementos eram símbolos da produção industrial e iam na contramão do que era produzido pelos artesãos de forma manual. Seu foco era a qualidade do material, tornando os objetos confortáveis e duráveis, com detalhes, mas sem excesso de rebuscamento. 

Além de ter influenciado o movimento da Bauhaus na década de 1920, o Arts and Crafts proporciona reflexos ainda hoje, em propostas cujo foco principal é o material bruto, a natureza e o conforto, através de desenhos simples e funcionais que revogam a produção industrial.

Autora do texto: Ana Carolina Carvalho Figueiredo

Revisora: Cristiane Higueras Simó

 

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