Cinco dias por semana, 9h por dia, 11 meses por ano. Esse é o modelo de trabalho tradicional ao qual estamos acostumados, mas isso não quer dizer que ele seja o único que pode dar certo. Na busca de diferentes moldes, surgiram os nômades digitais: profissionais que fizeram da tecnologia uma aliada para executar tarefas remuneradas com mais flexibilidade.
O termo surgiu pela primeira vez no livro Digital Nomad, dos autores David Manners e Tsugio Makimoto, lançado em 1997. Makimoto buscou inspiração na sua própria história, que até certo momento se resumia à rotina formal de grandes empresas por onde passou, como a Sony e a Hitachi.
Makimoto relata que foi justamente o fato das companhias serem de tecnologia que permitiu uma visão mais aberta do cenário de trabalho. Já naquela época, alguns colegas do autor, além dele próprio, atuavam sem base fixa, ou seja, executavam suas atividades em locais e horários definidos por eles próprios.
Mesmo hoje, vinte anos depois, muitas dúvidas ainda pairam sobre a possibilidade de total autonomia, mas a cada dia mais pessoas reinventam suas carreiras por meio do empreendedorismo, atividades freelancers ou até procuram lugares menos tradicionais, como startups, em que práticas remotas de trabalho são mais comuns.
A voz da experiência
Passar um tempo como nômade digital traz diversas exigências, mas a maior delas continua sendo dominar idiomas, sobretudo o inglês, considerado a língua universal. “Há muito tempo eu queria melhorar o meu nível de inglês, que ainda não tinha um vocabulário tão rico. Acabei aliando dois interesses e decidi passar alguns meses na África do Sul”, conta a professora de literatura Elaine Ribeiro.
Elaine é mais uma das pessoas que enxergaram a possibilidade de ampliar os horizontes de atuação e decidiu tentar coisas novas de acordo com as habilidades que já tinha. “Eu lecionava em escolas públicas de ensino médio, então já tinha o traquejo da sala de aula. Como sou fluente em italiano, decidi que daria aulas via Skype, assim, minha única preocupação seria com um possível fuso horário infeliz. Mas eu estava tão decidida em fazer dar certo que obviamente isso não foi um problema”.
Me estabeleci em Joanesburgo por 6 meses e ocasionalmente viajava para estar em contato com pessoas e também para ver lugares diferentes. Quando estava com poucos alunos de italiano procurava trabalhos de revisão em português, que eu também conseguia executar de onde estivesse. A regra era não ficar parada”, completou.
Vantagens e desvantagens
Assim como tudo na vida, Elaine relata que não encontrou só benefícios na sua corrida pela felicidade. “O fato de estar longe de casa e da cidade que eu conheço fez eu me sentir deslocada em alguns momentos. Existiu uma dificuldade em me sentir inserida, de conversar com amigos. Acho que é essa parte social do ser humano que sempre pesa mais”.
Ela também falou que é necessário muito planejamento financeiro e disciplina com o uso dos recursos à mão, além da utilização correta do tempo. “Desperdiçar um dia de trabalho é desperdiçar dinheiro. Por isso, a minha recomendação é que antes das pessoas de fato embarcarem no sonho, que o programem corretamente. Conheçam a cidade para onde estão indo e o quanto o real vale lá”.
Sobre as vantagens, a professora tem boas memórias: “Não ter uma rotina fixa, uma obrigação de onde eu devo supostamente estar, é a coisa mais incrível de viver como uma nômade digital. Eu senti que pude aproveitar a minha vida de verdade quando sentava no parque, no meio de um ‘dia útil’ e apenas observava a vida passar. De fato eu conseguia ser muito produtiva no meu dia a dia, mas era quando eu estava disposta e inspirada e não por pura pressão. Definitivamente recomendo a experiência, como algo temporário ou não”, finalizou.
Áreas de atuação
Evidentemente viver essa experiência depende muito de um esforço individual, mas algumas profissões permitem uma maior flexibilidade para o nomadismo. O caso da Elaine é um bom exemplo. As aulas ministradas por vídeo chamadas são uma atividade bastante comum hoje em dia. Outras posições como empreendedor, revisor de textos, produtor de conteúdo para internet e consultor são outras ocupações comuns entre os profissionais itinerantes.
Não é preciso ir longe para começar
Algumas pessoas abrem mão desse plano por acharem que se mudar para outro país seja quase impositivo, mas pelo contrário. É possível implementar essa rotina autônoma já onde você está. Mais que perambular pelo mundo, a essência de um nômade digital está em desenvolver atividades que só dependam de uma boa conexão de internet, alguma criatividade e coragem.
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