Enquanto existem boas práticas para os candidatos na hora da entrevista, também há critérios para os recrutadores se atentarem ao fazer questionamentos, incluindo o que não perguntar a mulheres durante um processo seletivo.
Quando se trata do público feminino, ainda existem muitos tabus, especialmente relacionados à maternidade, que acabam se tornando questionamentos em uma entrevista. Porém, em busca de uma sociedade igualitária, é importante entender por que essas perguntas são feitas, e mais ainda, por que as mesmas questões não se aplicam a homens.
O mercado de trabalho ainda tem um longo caminho para oferecer igualdade de gênero, especialmente quando se trata de remuneração e cargos de liderança, mas as empresas que pretendem mudar esse cenário e proporcionar oportunidades equivalentes para homens e mulheres devem começar já no processo de contratação.
O que não perguntar a mulheres durante um processo seletivo
Perguntas de cunho pessoal, além de constrangedoras, ainda podem ser desrespeitosas e invasivas, e não tem relação com o trabalho, ou seja, são irrelevantes.
Além disso, quando se trata de maternidade, há um grande desafio para as mulheres, incluindo os preconceitos enfrentados, direitos trabalhistas antiquados e os aspectos sociais que ainda impõem à mulher uma jornada dupla de trabalho mais elevada que ao homem.
Uma empresa, porém, deve superar essa visão e focar a avaliação dos candidatos com base apenas em suas qualificações técnicas e comportamentais, verificando se sua experiência é compatível com a oportunidade, independente da vida pessoal de cada um. Veja, então, o que não perguntar para as mulheres:
Você tem filhos?
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apenas 56,6% das trabalhadoras entre 25 e 54 anos com filhos estão empregadas. A maternidade se torna um impeditivo para o crescimento das mulheres no mercado de trabalho, mas, novamente, não é um indicativo de sua capacitação profissional.
Essa pergunta é irrelevante na maioria dos casos, e não precisa ser feita. Além disso, a mulher que quiser comentar sobre sua família pode fazê-lo no momento apropriado, quando estiver contando sua história.
Você pretende ter filhos? Quando?
Novamente, essa questão é invasiva e não diz respeito à organização. Essa questão é invasiva, já que se trata de uma decisão pessoal.
Qual a sua idade?
Salvo exceções onde a idade é um fator eliminatório para a vaga, essa pergunta também não deve ser feita e pode fazer com que a candidata se sinta constrangida ou intimidada, pois implica que determinada idade pode desclassificá-la.
O processo seletivo não deve considerar a idade do profissional, mas sim suas capacitações. Vemos profissionais mais velhos iniciando novas carreiras, assim como jovens que se dedicam para crescer, portanto levar a idade em consideração na escolha do candidato é uma atitude defasada.
Se seu filho precisar ir ao médico, é você quem o levará?
Nenhum profissional, seja homem, seja mulher, está livre de imprevistos, inclusive quando se trata da saúde. O mesmo é verdadeiro para os filhos. Fazer esse tipo de questionamento só exime a empresa de propor flexibilidade para que os profissionais cuidem de questões familiares, independente do gênero. Basta se perguntar: essa questão seria feita a um homem?
Você tem alguém para cuidar dos seus filhos enquanto você trabalha?
Além de presumir que a responsabilidade de cuidar dos filhos é exclusiva da mulher, essa questão ainda é invasiva e implica que a mulher é incapaz de trabalhar se tiver filhos.
Como você lidaria com o assédio no local de trabalho?
Não deve haver assédio no ambiente de trabalho. Fazer essa pergunta implica que isso será enfrentado pela profissional. Não só é inadequada, como aponta para uma empresa com práticas ruins.
Se tiver filhos, pretende voltar após a licença-maternidade ou deixá-lo em uma creche?
Novamente, o planejamento pessoal das pessoas não é relevante para a empresa, nem deve ser um critério de eliminação dos candidatos. Ninguém é obrigado a compartilhar seus planos pessoais com a organização, nem mesmo ter isso definido.
É importante analisar que esses questionamentos dificilmente são feitos aos homens, mesmo os que têm filhos ou planejam ter, justamente por assumir-se que certas obrigações são exclusivas das mães.
Portanto, criar um ambiente de trabalho inclusivo passa por evitar essas perguntas, e oferecer benefícios que apoiem os pais com imprevistos e na criação dos filhos de forma geral, sem separá-los por gênero.
Como promover um ambiente de trabalho igualitário
Proporcionar um ambiente igualitário não só transforma a empresa em uma marca valiosa quando se trata de atrair novos talentos, mas cria propicia um espaço de desenvolvimento profissional que ampliará os talentos, criando líderes sólidos e profissionais dispostos a crescer com a empresa. Veja como aplicar isso na prática:
Avalie o quadro de funcionários
Se a empresa contar com uma disparidade muito grande entre gêneros, é um sinal de que há um desequilíbrio, que pode até ter impacto nas soluções desenvolvidas. Promover um ambiente inclusivo oferece um olhar mais amplo e aumenta as chances de inovação.
Faça treinamentos
Além de comentários machistas e preconceituosos de forma geral e explícita, existem diversos comportamentos que são inadequados, mas não parecem óbvios. Oferecer treinamentos e workshops permite conscientizar as pessoas sobre determinados temas e sanar essas atitudes no ambiente de trabalho.
Consulte os colaboradores
Quem melhor do que os próprios colaboradores para contar como se sentem em relação à inclusão e respeito? Consulte-os sobre o tema e busque maneiras de solucionar essas questões, promovendo um ambiente adequado e positivo.
Saber o que não perguntar a mulheres durante um processo seletivo é o primeiro passo, mas as empresas precisam repensar a forma como lidam com mulheres e homens, buscando ações que promovam a igualdade nas empresas.