Contratar alguém sem nenhuma experiência, independentemente de sua formação. Para muitos recrutadores isso representa um risco alto, mas essa é a premissa do modelo de contratação open hiring, um processo seletivo totalmente aberto e livre das etapas de triagem tradicionais.
Verificações de antecedentes criminais, de currículo, educação e referências são dispensados para dar espaço a uma política baseada na confiança e na diversidade. Em alguns casos, não há nem mesmo entrevista – qualquer trabalhador interessado pode ser contratado.
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Case de sucesso
O empreendedor americano Roshi Bernie Glassman, fundador da Padaria Greyston, em Nova York, foi um dos precursores de maior sucesso no modelo.
A dinâmica não tem mistério: a Greyston mantém uma lista de espera de pessoas em busca de emprego. Quando surge uma vaga, o candidato no topo da lista é convidado para realizar um treinamento remunerado na padaria. Após a conclusão do treinamento, o candidato fica elegível para uma vaga de tempo integral. Simples assim. Atualmente, cerca de 75% dos funcionários da empresa passaram por esse formato de contratação.
Um grande exemplo no varejo
A rede de lojas americana The Body Shop foi a mais recente a implementar o open hiring com sucesso. Assim como a Greyston, os candidatos à procura de emprego na The Body Shop são contratados por ordem de chegada, sem triagem de antecedentes ou teste de drogas.
Em comparação com a Greyston, a implantação do formato na The Body Shop é muito mais representativo. A The Body Shop emprega cerca de 1.000 funcionários de varejo durante os períodos de alta, contando com 10.000 funcionários no total e uma receita anual de cerca de 1 bilhão de dólares.
E os benefícios do open hiring?
A médio e longo prazo, o modelo open hiring pode oferecer vantagens competitivas em diversos níveis. Como, por exemplo:
- Retenção: dar uma oportunidade às pessoas que, de outra forma, seriam excluídas dos processos de contratação tradicionais, significa que há mais chances de ter funcionários leais e, portanto, menos propensos a sair.
- Diversidade: os empregadores que utilizam este modelo são mais propensos a ter uma força de trabalho diversificada, e menos chances de enfrentar acusações de discriminação.
- Agilidade: o empregador tem um processo de recrutamento simplificado. A falta (ou redução) de entrevistas e etapas de seleção significa que o tempo para contratar é menor, tornando o processo mais eficiente. O valor economizado no recrutamento pode e deve ser investido em treinamento.
- Reconhecimento: a organização será vista como uma aliada da comunidade.
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Um modelo a ser aprimorado
Alguns dos aspectos do open hiring são um pouco mais difíceis de serem adotados por empregadores, como não fazer a triagem de antecedentes criminais, mas isso não quer dizer que a prática não tenha seu mérito ou que não possa ser modificada de acordo com os critérios de cada empresa.
É importante observar que os candidatos devem ser considerados com base em sua capacidade de realizar o trabalho, ou seja, menos ênfase no histórico de trabalho e mais ênfase nas habilidades. E isso pode significar treinamentos para novos contratados, ou até mesmo a implementação de um período de experiência.
Embora o open hiring possa não ser viável para todas as vagas, a maioria das empresas pode obter muitas vantagens em ter pelo menos um cargo a ser preenchido sem as barreiras de entrada da triagem tradicional. Em um momento em que a diversidade ganha mais visibilidade em empresas de todos os portes, o open hiring é uma solução inclusiva e estratégica que deve ganhar cada vez mais espaço nos processos de contratação.
E você, já conhecia sobre esse modelo que promete expandir pelo mundo corporativo?